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by seiti tt seiti

O NHibernate é um port para .NET do Hibernate, um mapeador objeto relacional (ou ORM) com esteróides. Vamos ver como usá-lo para mapear e persistir nossos objetos no banco de dados.

O NHibernate é um grande auxílio para quem deseja implementar um sistema usando DDD (não, não é quando você liga para o programador que mora longe. É Domain Driven Design).

[![Me deixa dormir!](http://seiti.eti.br/blog/wp-content/uploads/2010/07/NhLogo.png "NhLogo")](http://nhforge.org)
Me deixa dormir!

Quem já usou o Hibernate sabe que configurá-lo pode ser a porta de entrada para o primeiro dos nove círculos do inferno. Bom, não passei por isto, pois nunca havia usado diretamente o Hibernate. Se existe algo bom em chegar na festa por último no mundo do desenvolvimento, é de ter mais coisas prontas e mastigadinhas. Entra então o Fluent NHibernate.

Historinha para bovinos hibernarem

Primeiro o contexto. Enfrento um código legado (código legado == código sem testes, segundo Feathers) que usa o framework Castle ActiveRecord (Castle AR). Embora este framework facilite bastante a vida, poupando o pobre programador da tarefa de escrever muito código CRUD, ganhando uma tendinite, ele não se dá muito bem com o DDD, tornando mais trabalhoso que o necessário a separação das Entidades do sistema de persistência.

Outro problema é que, apesar do Castle AR fornecer uma camada de abstração sobre o Hibernate, é necessário que você saiba como o Hibernate funciona. Decidi então me livrar do Castle AR e usar apenas o Hibernate. E como não quero editar os arquivos XML do Hibernate eu mesmo (o Castle AR fazia este trabalho) decidi usar o Fluent NHibernate.

Programação, sistemas e zumbis

O Fluent NHibernate segue uma sintaxe fluente para realizar toda a configuração do Hibernate usando a própria linguagem de programação. No meu caso, C#.

Primeiro um esquema altamente complexo do sistema que servirá de exemplo:

[![Diagrama do sistema](http://farm5.static.flickr.com/4114/4809510719_ef4e9bea45.jpg)](http://www.flickr.com/photos/seiti/4809510719/ "Diagrama do sistema by Seiti Yamashiro, on Flickr")
Chamem o Chris Redfield!

Um RaccoonCityCity possui inúmeros Zombies. O City tem uma data, Month, com mês e ano, de quando se iniciou a infecção de sua população. Zombie possui uma data, Month, de quando ele mesmo foi infectado. Por enquanto não podemos estimar estas datas com precisão de dias, por isso queremos apenas mês e ano.

O diagrama acima gerou as seguintes classes:

Uma preocupação na modelagem foi quanto à lista Zombies. Para se adicionar um Zombie em um City é preciso usar o método AddZombie(). Assim tenho um lugar onde posso checar e validar o Zombie antes da adição.

Mas se eu exponho Zombies como um List nada impede o programador de fazer isso:

City raccoon = new City(“Raccoon City”, new Month(2010, 4)); raccoon.Zombies.Add(new Zombie(“Zé Ninguém”, new Month(2010, 7)));

ao invés de:

City raccoon = new City(“Raccoon City”, new Month(2010, 4)); raccoon.AddZombie(new Zombie(“Zé Ninguém”, new Month(2010, 7)));

Para resolver este problema eu guardo a lista como um List e exponho apenas um IEnumerable:

public class City { public virtual int Id { get; private set; } public virtual string Name { get; private set; } public virtual Month InfectionStart { get; private set; } private readonly IList _zombies = new List(); public virtual IEnumerable Zombies { get { return _zombies; } } protected City() {} public City(string name, Month startMonth) { Name = name; InfectionStart = startMonth; } public virtual void AddZombie(Zombie z) { _zombies.Add(z); } }

O IEnumerable apenas expõe método de consulta. Exatamente o que eu queria.

Vamos agora implementar a classe Zombie. Esta acaba sendo mais complicada, pois se trata de um VO (Value Object). É necessário realizar um override nos métodos Equals() e GetHashCode() para que o sistema possa comprar dois zumbis com as mesmas propriedades, mesmo que de instâncias diferentes, e devolver um resultado útil. E já podemos aproveitar para fazer override nos operadores == e !=, para que devolvam o mesmo resultado que o Equals():

public class Zombie { public virtual int Id { get; private set;} public virtual string FormerName { get; set; } public virtual Month Infected { get; set; } public static bool operator ==(Zombie b1, Zombie b2) { return b1.FormerName == b2.FormerName && b1.Infected == b2.Infected; } public static bool operator !=(Zombie b1, Zombie b2) { return b1.FormerName != b2.FormerName   b1.Infected != b2.Infected; } public static bool operator >(Zombie b1, Zombie b2) { return b1.Infected > b2.Infected; } public static bool operator =(Zombie b1, Zombie b2) { return b1.Infected >= b2.Infected; } public static bool operator Até aproveitei para implementar os operadores , que dependem da data de infecção do safado.

E só resta a classe Month:

public class Month: IComparable { private int Dia { get { return 1; } } public int Mes { get; private set; } public int Ano { get; private set; } protected Month() {} public Month(int ano, int mes) { if (!AnoValido(ano)) throw new ArgumentOutOfRangeException(String.Format(“Ano não cabível. Ano apresentado: {0}”, ano)); if (!MesValido(mes)) throw new ArgumentOutOfRangeException(String.Format(“Mês não cabível. Mês apresentado: {0}”, mes)); Ano = ano; Mes = mes; } private bool AnoValido(int ano) { // Valores válidos para o SQL Server. // Observe que dado o escopo do problema não faz sentido nada fora deste intevalo mesmo. if (1753 d2.Ano) return false; if (d1.Mes =(Month d1, Month d2) { if (d1 == d2) return true; if (d1.Ano > d2.Ano) return true; if (d1.Ano d2.Mes) return true; return false; } public static bool operator d2.Ano) return false; if (d1.Mes (Month d1, Month d2) { if (d1 == d2) return false; if (d1.Ano > d2.Ano) return true; if (d1.Ano d2.Mes) return true; return false; } public override bool Equals(object obj) { if (!(obj is Month)) return false; return this == (Month) obj; } public override int GetHashCode() { return Ano.GetHashCode() ^ Mes.GetHashCode(); } public int CompareTo(object obj) { Month d = (Month)obj; if (this d) return 1; return 0; } }

Mesma história dos Zumbis: implementei Equals(), e GetHashCode() e os operadores. Asism posso escrever código do tipo:

Data d1 = new Data(2000, 1); Data d2 = new Data(2000, 1); if (d1 == d2) doSomething(); else if (d1 > d2) doSomethingElse(); else if (d1 Com as classes do modelo implementadas, posso adicionar validações, testes e tudo mais, sem me preocupar com a camada de persistência, tornando a criação de testes unitários um trabalho bem simples. Mas este post não é sobre DDD.

Persistência != Teimosia

Vamos mapear nossas estimadas classes, usando o Fluent NHibernate, para que possam ir para o banco de dados. Comecemos com a classe Zombie, mapeada pela classe ZombieMap:

public class ZombieMap: ClassMap { public ZombieMap() { Id(x => x.Id); Map(x => x.FormerName); Map(x => x.Infected); } }

Bem simples, não? Isto nos informa que a classe Zombie será mapeada para uma tabela Zombie, com campos FormerName (com tipo nvarchar(255)) e Infected (com tipo … hmmm, calma aí, veremos adiante).

Vamos ver a classe City:

public class CityMap: ClassMap { public CityMap() { Id(x => x.Id); Map(x => x.Name); Map(x => x.InfectionStart); HasMany(x => x.Zombies) .Access.CamelCaseField(Prefix.Underscore) .Cascade.AllDeleteOrphan() .AsBag(); } }

Também bem simples. A diferença aqui fica por conta do HasMany, cujo significado é bem simples, um City possui muitos Zombies.

Algo não tão óbvio é o Access.CamelCaseField(Prefix.Underscore). Isto diz que a propriedade Zombies possui um campo que serve de suporte, com nome escrito no estilo camelCase (diferente de PascalCase) e iniciado por um underscore. Se trata do campo _zombies, que é Zombies escrito em camelCase e iniciado por underscore.

Cascade.AllDeleteOrphans() informa ao NHibernate para apagar os Zombies órfãos, quer dizer, que não possuem um City.

AsBag() é mais complicado. Primeiro é preciso entender que o NHibernate lida com vários tipos de coleções: Set, Bag, Map e List. Cada uma com características próprias. No caso optei por bag, mas poderia ter usado list (que é um bag indexado).

Bom, resta agora a classe Month. Decidi não guardar o month em uma tabela própria. Ela nada mais é que uma data, onde apenas mês e ano importam. Então é apropriado guardá-lo em um campo DATETIME no banco de dados.

Para isso acontecer configuramos o NHibernate para tratar o Month como um DATETIME na hora de persistir tanto o City quanto o Zombie (campos Infected), criando uma classe que implementa a interface IUserType:

public class MonthUserType: IUserType { public new bool Equals(object x, object y) { if (ReferenceEquals(x, y)) return true; if (x == null   y == null) return false; return x.Equals(y); } public int GetHashCode(object x) { return x == null ? typeof(Month).GetHashCode() : x.GetHashCode(); } //voltando do BD: passar de datetime para Month public object NullSafeGet(IDataReader rs, string[] names, object owner) { var date = NHibernateUtil.DateTime.NullSafeGet(rs, names[0]) as DateTime?; if (date == null) return null; return new Month(date.Value.Year, date.Value.Month); } //indo pro BD: passar de Month para datetime public void NullSafeSet(IDbCommand cmd, object value, int index) { DateTime? date = null; if (value != null) date = ((Month) value).AsDateTime(); NHibernateUtil.DateTime.NullSafeSet(cmd, date, index); } public object DeepCopy(object value) { return value; } public object Replace(object original, object target, object owner) { return original; } public object Assemble(object cached, object owner) { return cached; } public object Disassemble(object value) { return value; } public SqlType[] SqlTypes { get { return new[] { NHibernateUtil.DateTime.SqlType }; } } public Type ReturnedType { get { return typeof (Month); } } public bool IsMutable { get { return false; } } }

Esta classe vai tratar do trabalho de converter de Month para DATETIME e vice-versa. Para usar nosso MonthUserType é necessário configurar os mapeamentos das classes City e Zombie:

Map(x => x.Infected).CustomType(typeof(MonthUserType));

Mas eu não usei esta abordagem. Imagine que tenhamos mais que essas duas classes para alterar ou que eu deseje deixar a configuração mais limpa. Podemos deixar os mapeamentos já configurados do mesmo jeito, e informar o NHibernate a usar o MonthUserType usando Convenções (Conventions).

Basta implementar uma classe com a informação de que nossa convenção é usar MonthUserType para persistir objetos Month:

public class MonthUserTypeConvention: UserTypeConvention { }

É assim mesmo, vazio. No caso nem foi necessário realizar nenhum override dos métodos Apply() ou Accept().

E pronto! Suas classes estão prontas para serem persistidas no banco de dados.

Infraestrutura

Bom, mas para se gravar os dados no banco é preciso ao menos saber como se conectar ao banco. Vamos facilitar nossa vida criando um método fábrica de objetos fábricas (ou algo assim):

public static class FluentSessionFactory { public static ISessionFactory CreateFactory(string connectionString) { return Fluently.Configure() .Database(MsSqlConfiguration.MsSql2005.ConnectionString(connectionString)) .Mappings( m => m.FluentMappings .AddFromAssemblyOf() .Conventions.AddFromAssemblyOf() ) .ExposeConfiguration(BuildSchema) .BuildSessionFactory(); } private static void BuildSchema(Configuration config) { SchemaExport schema = new SchemaExport(config); schema.Drop(false, true); schema.Create(false, true); } }

Note que meu banco é um Sql Server 2005. Acerte o código para teu banco de dados. E para usar:

ISessionFactory factory = FluentSessionFactory.CreateFactory(@”Database=test_db;Server=localhost\sqlexpress;user=theuser;pwd=thepassword;”); ISession session = factory.OpenSession(); /** cria objetos e manda para o bd usando Session.Save(objeto) **/ session.Close();

Mas tome cuidado. Note um schema.Drop() e um schema.Create() lá em cima. Eles jogam as tabelas do banco fora e depois recriam-nas. Bom para o ambiente de desenvolvimento. Ruim para ambiente de produção. Muito ruim.

1, 2, 3 Testando

Nada melhor que usar testes automatizados para verificar se está tudo funcionando. Quer dizer, comer camarão na praia tomando cerveja é melhor que isso, mas vamos lá.

O Fluent NHibernate conta com um método muito útil para verificar se os mapeamentos estão redondinhos. Se trata do PersistenceSpecification.VerifyTheMappings().

Veja como é simples:*
*

[TestClass] public class CityMapTest { private static readonly string ConnString = @”Database=db_test;Server=localhost\sqlexpress;user=theuser;pwd=thepassword;”; private static ISession Session; private TestContext testContextInstance; public TestContext TestContext { get { return testContextInstance; } set { testContextInstance = value; } } [ClassInitialize()] public static void MyClassInitialize(TestContext testContext) { ISessionFactory factory = FluentSessionFactory.CreateFactory(ConnString); Session = factory.OpenSession(); } [ClassCleanup()] public static void MyClassCleanup() { Session.Close(); } [TestMethod] public void CrudTest() { new PersistenceSpecification(Session) .CheckProperty(x => x.Id, 1) .CheckProperty(x => x.Name, "Raccoon City") .CheckProperty(x => x.InfectionStart, new Month(1998, 8)) .CheckList( x => x.Zombies, new [] { new Zombie { FormerName = "John Doe", Infected = new Month(1998, 7) }, new Zombie { FormerName = "José da Silva", Infected = new Month(1998, 6) } }, (r, z) => r.AddZombie(z)) .VerifyTheMappings(); } }

Ao executar o teste acima serão criadas as tabelas City e Zombie no banco de dados, que serão preenchidas com os dados fornecidos. Depois esses dados serão lidos e convetidos em objetos do sistema. Daí estes objetos serão comparados com os objetos originais. Se estiver tudo ok, o teste sinalizará verde. Se não, hora de corrigir bugs.

E é isso. Ah, para quem quiser o código do projeto…