Em uma de minhas poucas viagens para fora de SP, fui conhecer em lua de mel, com minha querida esposa, Natal – RN.
A cidade possui praias lindas. Mesmo quem, como eu, não costuma mergulhar ou se banhar nas àguas do mar, não se cansa de admirar o visual. Areias claras contrastando com o um mar esverdeado brilhante, com o céu azul e límpido. Parecia que havia um photoshop em ação sobre minha visão.
Ficamos no hotel Divi-Divi, que apesar de pequeno, tinha o quarto e banheiros bem grandes. Duas piscinas — uma delas é aí na foto — e um jardim pequeno, mas bem colorido, cercando o bar.
O hotel fica na praia de Ponta-Negra, que me parece ser a porta de entrada para os turistas. Possui vários hotéis, pousadas, restaurantes, bares.
É nela que se encontra um dos cartões postais de Natal: o Morro do Careca. Antigamente faziam o ski-bunda para descer pelo morro, mas hoje a prática é proibida, mesmo subir o morro é proibido. Parece que a movimentação estava destruindo o morro, com a areia toda descendo morro abaixo.
A praia é bem urbanizada, tendo pela orla um calçadão correndo ao lado da rua. Durante a noite ela é bem iluminada, cheia de casais sentados nos bancos, se pegando namorando. Apesar de alertas dos guias locais quanto à segurança e tudo mais, achei a praia bem calma para passear durante a noite. E anoitece bem rápido por lá: às 18 horas o céu já está escuro.
Durante o dia vários quiosques, restaurantes, bares e ambulantes. Mas com a citada urbanização surgem os problemas que te impedem de relaxar. A todo momento alguém te oferece alguma coisa, pede dinheiro, e, o pior e mais irritante, os carrinhos de som . Estes carrinhos são empurrados pela areia, tocando invariavelmente alguma música que você não suporta, em um volume que você não agüenta. E existem VÁRIOS deles. Em um dia em que fui aproveitar a praia durante o dia, estacionaram uns três carrinhos logo ao lado, tocando algo que ainda escuto em meus pesadelos. Ok, forcei a barra, mas era duro de agüentar.
Outro problema era andar pelo calçadão. Deve-se tomar cuidado para não ser atropelado por ciclistas e motociclistas que correm entre os pedestres. Quase me levaram o braço. E, pelo que percebi, geralmente os motociclistas são entregadores, levando produtos para os quiosques e quase atropelando seus clientes.
Pensando bem, parecia uma praia de SP, mas com um visual lindo e águas limpas. Bom, mas se quiser sossego o jeito é ir para as outras praias da cidade.
As agências oferecem vários passeios. Eu não fiz todos, na verdade não fechei quase nenhum pacote. Mas um que fechei e recomendo é o passeio de* buggy.*****O buggy te leva desde a porta do hotel até a praia de Muriú (se não me engano), passando pela Via Costeira, pelo parque das Dunas e outras praias do litoral norte.
Em meio às Dunas tinham até dromedários, que podem ser montados caso você se disponha a gastar R$30 reais (nem só o mar é salgado). Muitos turistas se contentam em tirar fotos.
Outro passeio foi o City Tour, que passa pelo centro histórico da cidade e depois vai em visita ao maior cajueiro do mundo, uma anomalia genética que se estenderá por todo o planeta, ao lado da praia de Pirangi. Na praia fica a marina Badauê, que oferce passeio de barco e mergulho em piscinas naturais.
Na praia optei por não comer no resturante da marina, querendo experimentar o peixe preparado numa barraca na praia. O peixe estava bom, acompanhado de arroz e fritas.
Aliás, uma das coisas que mais fiz por lá foi comer. Comer camarão. Natal é a capital do camarão, sendo a principal exportadora do crustáceo no país – a “plantação” de camarões é chamada carcinicultura. E, comparando com São Paulo, o camarão lá é barato e sempre fresco. Para quem adora, como eu, dá para aproveitar para comer todo dia.
Outro passeio que eu queria experimentar era de ver o pôr do Sol em João Pessoa, ao som do bolero de Ravel. Opa, João Pessoa? Também achei estranho que um dos passeios mais oferecidos na região fosse de ir para a capital do estado vizinho. Deve ser bacana mesmo! Mas eu não quis fechar pacote (economizar para comer camarão!) e pegamos um dia para alugar um carro e ir pro litoral Sul.
Passamos primeiro na praia de Tibau do Sul. Lá um garoto, um dos guias mirins da região, se ofereceu para nos levar para a praia de Pipa. Aliás, este garoto contava umas histórias muito curiosas. Ao chegar na gente, ele disse ser amigo do Sérgio, da locadora em que alugamos o carro. Super simpático, disse que às vezes passeava com o Sérgio e tudo mais. Após darmos uma volta pela praia e tomar uma água de coco, aceitamos a oferta e pegamos o carro e o garoto em direção à praia de Cacimbinha e Ponta da Madeira.
Não lembro bem em qual delas é preciso descer uma escadaria de madeira. Deve ser a Ponta da Madeira, acho. Só sei que se não fosse o garoto eu teria passado direto por esta praia. E perdido a bela paisagem. A entrada é direto pela estrada, por um portão estreito em um muro. Estranho, mas verdade. Tiramos fotos, demos outra volta, olhamos de longe a Praia do Amor e rumamos para Pipa, afinal, teríamos de estar em João Pessoa antes do anoitecer. E na viagem a gente ia conversando, e o menino disse saber falar várias línguas, por conta do bico de guia. Até já tinha tinha ido para a Suíça para a casa da tia. Mas lá era chato e ele preferia o Brasil.
Chegamos a última praia em nosso roteiro. Todas as praias são lindas, e Pipa não é exceção. Mas Pipa é mais badalada, tem um cidadezinha antes da praia que se parece com um vilarejo rústico. E é um vilarejo rústico, a não ser por várias lojas de moda praia, decoração presentes etc, que se encontram por lá, além de restaurantes e café, que pareciam bem caros.
Bom, demos uma volta, tiramos umas fotos, cortei a sola do pé nas pedras da praia, comemos alguns pastéis, largamos o garoto na saída da cidade e zarpamos para Paraíba. Pelo caminho ainda acompanhamos a orla de algumas praias, uma mais linda que a outra. Durante a viagem a gente ia acompanhando o sol já descendo no horizonte… Será que vai dar tempo?
Seguindo placas finalmente chegamos em João Pessoa. Restava achar o pôr do Sol. A informação que tínhamos era que existia, em João Pessoa, um pôr do Sol ao som do bolero de Ravel. Onde? Paramos num posto e perguntamos ao frentista:
– Onde a gente consegue ver o pôr do Sol ao som do bolero de Ravel?
E ele responde de bate pronto:
– Em Cabedelo, é só seguir adiante e ir vendo as placas.
Parecia um diálogo cifrado do Agente 86…
E com Sol já meio baixo, rumamos para Cabedelo. Chegando em Cabedelo me lembrei de um tal de praia do Jacaré, onde ficava o pôr do Sol. E fizemos um retorno seguindo para a praia do Jacaré. Chegamos! Uns 15 minutos antes do Sol ir embora. E o mistério de ver o pôr do Sol na praia, no Brasil, foi desvendado. A gente assistiu o Sol se pondo na margem oposta do Rio Jacaré. Com o Jurandy do Sax tocando o bolero de Ravel, com a última nota sendo lançada no momento do último brilho do Sol. Espetacular!
Depois da epopéia de um dia, voltamos para descansar em Natal. No dia seguinte devolvemos o carro e descobrimos que o garoto, guia mirim, era paieiro. Não conhecia Sérgio nenhum e que na verdade todos os guias mirins da cidade conheciam de cor os carros de locadoras, inclusive sabendo a placa e de que locadora era, inclusive o nome das pessoas responsáveis pelas locadoras. o.O
E a história de vários idiomas e ter ido para a Suíca? Mistério…
Comer é viver, e vice-versa. Então relaciono os lugares em que comi: